Diferente de capitais como Natal onde o trabalho representa menos de 70% da composição da renda da população e a aposentadoria e os programas sociais chegam a mais de 30%, em Macapá o trabalho representa 84% da composição de renda, contra 11,4 % na aposentadoria e apenas 3,75% proveniente de programas sociais.
Os números da capital amapaense colocam Macapá em terceiro lugar no ranking quanto ao trabalho entre as capitais, atrás somente de Palmas (TO) com 86,7% da força de trabalho, e Boa Vista (RR) com 85,4% trabalho.
“Observamos uma grande dispersão tanto em termos de renda quanto em termos de indicadores sociais nas capitais brasileiras”, afirma Flávio Ataliba, coordenador do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste do FGV Ibre. O levantamento mostra a pobreza como reflexo do nível de renda. Nas capitais do Norte e Nordeste predominam proporções da população em situação de pobreza e pobreza extrema. Rio Branco tem o maior percentual de pobreza do país (42,8%), seguida por Recife (37,8%) e São Luís (36,3%). As que apresentam menores taxas são Florianópolis (4,5%), Curitiba (8,7%) e Goiânia (10,9%). Em extrema pobreza estão no topo da lista Rio Branco (9,6%), Boa Vista (8,4%) e Recife (7,1%). Na ponta oposta aparecem Goiânia (0,7%), Florianópolis (0,9%) e Macapá (1,4%).
Analisando a composição da renda domiciliar per capita, Natal é a capital com o maior percentual proveniente da aposentadoria (28,2%). Rio Branco tem o maior percentual atribuído a programas sociais (6%), e Palmas, o maior atribuído a trabalho (86,7%). As capitais com menor participação média do trabalho na renda são Recife (70,7%), Fortaleza (70,5%) e Natal (66,3%).
“Quando olhamos para as capitais do Nordeste há uma relação entre rendimentos per capita mais elevados e desigualdade. Nessas capitais, há uma concentração de renda muito elevada”, diz João Mário de França, pesquisador associado do FGV Ibre. “Esse problema é menor quando olhamos para o Sul e o Sudeste, onde a renda domiciliar é elevada e as desigualdades, muito menores.”
A taxa de desocupação varia entre as capitais. Recife ocupa o topo da lista de maior taxa de desemprego, com 16,1%, seguida por Salvador (13,7%) e Aracaju (12,9%). As menores taxas aparecem em Campo Grande (3,3%), Porto Velho (4,4%), Florianópolis (4,4%) e Goiânia (4,4%).
Das dez capitais brasileiras com maiores taxas de desocupação, sete estão no no Nordeste. A mesma proporção vale para o percentual de informalidade, ainda que as que apresentam nível mais elevado sejam São Luís (65,8%), Belém (56,5%), Teresina (54,4%) e Manaus (54%).
A concentração de riqueza nos estratos mais altos está restringindo a redução da pobreza, que permanece alta nas capitais do Brasil. Para diminuir essa assimetria é preciso desenvolver o mercado de trabalho, em especial a formalização, já que maiores rendimentos do trabalho estão associados a menores taxas de pobreza, mostra levantamento do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).